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sábado, 23 de julho de 2016

A atualidade de um comentário a cerca do mau político

Sobre fisiologismo ou oportunismo na política nacional

Tadeu Arruda Câmara

Economista

Você sabe o que é Fisiologismo? Calma, prezado leitor, não pretendo esnobar seus conhecimentos nem tão pouco provocar parte da população que faz da honestidade um princípio de vida.
Dirijo-me, aí sim, àquela multidão entorpecida pela mídia, sempre recebendo dinheiro com planos eleitoreiros, enfileirando-se nas zonas eleitorais, levando a famosa “cola” (nomes dos candidatos anotados) à cabine eleitoral, elegendo nossos governantes e parlamentares.
Esse tipo de eleitor, passados alguns meses, quando perguntado quais foram seus candidatos, responde: “Nem me lembro mais, foi um amigo que pediu”.
Não sabe ele que agindo dessa maneira, sem querer, torna-se cúmplice de bandidos e malfeitores que contaminam a nação brasileira.
Fisiologismo é o que está acontecendo agora, depois das posses dos eleitos, muitos deles indicando cargos para pessoas desqualificadas nas empresas do governo. A disputa maior é naquelas onde fluem mais recursos.
Essa relação incestuosa entre parlamentares, o executivo, muitas das vezes o judiciário, beneficiando pessoas e, às vezes grupos, com o poder político, tendo como moeda de troca o número de votantes, chama-se fisiologismo.
Nosso país está voltando ao tempo das capitanias hereditárias, só que com outra roupagem: o governo, agora, está loteando cargos com os partidos políticos.
Como se não bastassem as classes dos banqueiros e das construtoras, os maiores financiadores de campanhas políticas, fazedores , até mesmo, de bancadas dentro do Congresso Nacional, surge a bancada dos evangélicos que, aproveitando-se da boa-fé do nosso povo, explora o sangue de Cristo nos conchavos políticos, esquecendo os ensinamentos do Messias quando inquirido: “É-nos lícito dar tributo a César, ou não? Mas Jesus, percebendo a astúcia deles, disse-lhes: mostrai-me um denário. De quem é a imagem e a inscrição que ele tem? Responderam: de César . Disse-lhes então: dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”.
No momento, a briga é grande entre os dois maiores partidos. O PT, Partido dos Trabalhadores, que quando oposição combatia veementemente os fisiologistas, e o PMDB, partido que esqueceu os ensinamentos de Ulisses Guimarães.
Eles engalfinham-se na busca de espaço, palmo a palmo, não escapando nem mesmo nossa Previdência, maior verdugo dos nossos aposentados.
O desfibramento é grande. É tão grande, que criaram a lei chamada Ficha Limpa, com o intuito de diminuir os escândalos dos fisiologistas, não deixando o candidato bandido ser combatido nas urnas, e sim, no Judiciário.
Só que o Judiciário também tem suas manhas. Conheço um caso gravíssimo na primeira zona eleitoral em Natal que faz três anos e até agora nada de julgar.
Essa lei é tão esdrúxula que deixa margem para que um inocente seja cassado e um culpado inocentado dentro do insondável mundo jurídico.
Você já viu algum ‘mensaleiro’ ou sanguessuga preso? Foi o Arruda na operação Caixa de Pandora, mas, como boi de piranha, para mostrar que nunca neste país houve governo mais ético como este.
Fiquei perplexo quando Gilberto Carvalho, assumindo a secretaria geral, disse: “O presidente Lula poderia ter se livrado de mim em momentos críticos pelos quais passei. Jamais vou esquecer quando voltei do segundo depoimento na CPI e ele tinha atrasado uma viagem me esperando sentado na minha sala para dizer: ‘Gilbertinho, vamos tomar uma cachacinha para você esquecer essas coisas’”.
Fosse num país sério os dois estariam na cadeia. Na China, iria pro fuzilamento.


PS: comentário publicado na página de Opinião do diário vespertino O JORNAL DE HOJE (novembro de 2011) e postado com autorização do autor.

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